Quebro
o silêncio desse longo hiato com um questionamento: O que é estar
apaixonado!?
Minha
vida nesses últimos anos, eu diria 8 anos, tem se resumido a uma
sucessão de encontros que ou em nada deram ou a lugar algum levaram.
Gente, mais gente e logo depois mais gente. Um ciclo que eu pensei
não mais parar mesmo que por pouco tempo. É cansativo sempre buscar
dia após dia alguém, um sentido, um canto para voltar, rir,
companhia que seja, é estressante, quem passa ou já passou sabe o
que eu digo.
Alguns
dias atrás eu e algumas Marias fomos para uma cidade bem peculiar,
Brasília. Confesso que não conhecia a capital do meu próprio país.
O que dizer ? Uma cidade linda! Mas as pessoas por ali um tanto
quanto frias. No pequeno tempo que estive por lá conheci uma pessoa
que me roubou o chão, o pensamento, a sanidade e a paz. Quem me
conhece sabe que sou intensa, então nunca julguei a quantidade mas a
qualidade do tempo que passei com as pessoas. Tampouco dei ouvidos a
quaisquer comentários, certos, pontuais, assertivos ou não sobre
minha conduta, acredito naquilo que vivo, que sinto, para onde o meu
coração manda. Numa dessa situações eu me apaixonei perdidamente
e num espaço de tempo tão pequeno que questionaram minha sanidade.
Os últimos 6 meses da minha vida foram um calvário que não desejo
a ninguém, a ser humano nenhum. Perdi a pessoa que eu mais amava na
vida e talvez meu único amor verdadeiro. Sabe quando você não
precisa nem falar nada para o outro ? Basta um simples olhar que é
compreendido, sabe ? Pois bem, perdi o amor da minha vida, minha alma
gêmea, minha mãe. Após anos de luta finalmente o câncer venceu.
Dia 14 de outubro foi o dia mais triste de toda a minha existência,
tão triste que ao lembrar, e agora escrever, caem lágrimas dos meus
olhos.
De
repente um vazio tão grande mais tão grande tomou conta de mim.
Agradeço primeiro a Deus e depois aos meus amigos por não ter
entrado numa depressão ou coisa pior, ter dado cabo de minha própria
vida. Os dias eram arrastados, chato, doloridos, muito doloridos, a
saudade e a dor ainda não tinham aprendido a conviver em harmônia,
alias, ainda não aprenderam, a dor teve piedade e começou a sumir,
sumir, sumir, mas não ao ponto de não existir, ela é egoísta
demais para isso, mas deu espaço para a saudade. Quando me vi nesse
estado tratei de viajar, conhecer gente, mudar a rotina, sair,
qualquer coisa que me tirasse daquela inércia de sofrimento,
qualquer. Numa dessas eu e as Marias decidimos ir a Brasília. Para
ser franca eu quase não fui, relutei até o último momento, mas
cedi.

No
sábado ouve um pequeno desentendimento, eu queria sua companhia e
não entendi que sua indisposição tinha nome, dinheiro. Após um
bom papo, leia briga mesmo, compreendi o problema. Felizmente nos
encontramos naquela tarde que foi mágica, bom papo, pessoas
divertidas e claro o homem querido ao lado. Anoiteceu e decidimos ir
para uma outra festa, prontamente ele recusou o convite, mas
geminiana que sou tratei de convencê-lo, afinal trabalhamos para
isso, pagar nossas contas e quando sobrar nos divertir não é mesmo?
A noite foi melhor do que imaginei, exceto pela minha cabeça doida
que achou estranho os seus olhos curiosos com tudo que se passava ao
redor. A principio achei que fosse indelicado da parte dele, mas hoje
entendo que apenas é muito observador. Dormimos juntos no hotel e
somente um bom tempo depois quando já havia retornado para minha
cidade ele confessou que quis ir embora enquanto eu dormiam que não
gostava de despedidas. Para a minha sorte e ele não foi embora, ele
ficou e ainda almoçamos juntos e passamos o restante da tarde juntos
até a hora que iria para o aeroporto. Eu estava encantada com aquele
cara como há muito tempo não ficava com ninguém, porém algo me
chamou a atenção. Quando nos despedimos ele foi embora sem olhar
para trás! Nenhuma menção! Ali percebi que o coração daquele
cara era fechado e frio.
Quando
retornei avisei que o voo tinha sido tranquilo e que já na direção
de casa. A semana passou e nos falávamos cada vez mais, por
mensagens, áudios e ligações. Por mais que fisicamente
estivéssemos separados nossa ligação continuava, o sentimento
brotava. Fizemos planos, decidimos que ele viria até a minha cidade
para conhecer minha rotina e quem sabe se tudo desse certo talvez
mudar para cá. Tudo corria muito bem, melhor até do que eu tinha
planejado. Mas eu não contei com uma variável, O SER HUMANO. Nos
magoamos, ele mentiu e eu traí. Hoje a viagem esta suspensa, não
cancelada, terminamos e sinto uma falta imensa das nossas conversas,
da atenção que um dava ao outro. São tempos modernos onde a
distância pode ser enganada, claro que a ausência física nos deixa
doidos, mas podemos suprir outros sentimentos hoje.
Trocamos
algumas mensagens após o ocorrido e eu abri meu coração, eu não
queria cometer o mesmo erro, a soberba, a dureza. Sei bem o que a
raiva pode fazer com um sentimento, como transforma a sua percepção
em algo muito ruim. O que vai acontecer de hoje em diante? Eu não
sei! Sei que não posso abraçar o mundo com as pernas e mesmo que
tente ficaria louca.
Mas
voltando a pergunta do início, o que é estar apaixonada ? Para mim
hoje é arriscar, pular de cabeça quando você sente uma fagulha ao
tocar o outro. É pirar quando não tem notícias, é sofrer por algo
que ainda não aconteceu, é confiar no seu coração quando a sua
mente não deixa mais você discernir o certo do errado, a mentira
da verdade, o real do imaginário. Se eu me arrependo? Não. Esse
sentimento doido, confuso que te tira a paz serviu para mostrar que
eu estou viva, que eu preciso viver e que tenho que viver. Portanto
caro leitor, não tenha medo, vá com tudo sem ressalva, arrisque-se!
Arrependa-se do que fez não daquilo que poderia ter vivido. Um dia
por mais que quebre a cara lá na frente terá uma história, algo
seu, pertencimento, não seja apenas mais um que está fechado e
pessimista, não seja, olhe para a frente e independente do resultado
faça o que é melhor para o seu coração, sempre! Um beijo da
sempre sua Maria dos Eguns